quinta-feira, 4 de março de 2010

*O que Nina Buah Teve Que Fazer Para Ser Uma Artista De Rua*.



Primeiro passo foi ligar para a prefeitura da minha cidade para colher informações. E eles me informaram que eu teria que conseguir uma autorização pára que eu pudesse trabalhar na rua, e que essa autorização eu conseguiria atravéz da Casa da Cultura.
No dia seguinte fui a Casa da Cultura da minha cidade, chegando lá falei com a responsavél , aparentemente ficou curiosa e começou a fazer uma entrevista e depois de tudo bem explicadinho verbalmente, pediu um portifólio de tudo que eu já tinha feito, dizia que alem do cadastro, precisa de material, respondi amanhã eu trago pra senhora e sai de mansinho.
No mesmo dia tirei cópia do portifólio que tinha, e no dia seguinte levei a casa da cutura, ela analizou e depois de uma semana já estava com minha autorização nas mãos, por questão de segurança essa autorização tem validade só por 30 dias, por isso tenho que comparecer todo mês na casa da cultura para renovar, enquanto a isso tudo bem já sou um vitorioso.
Começar a trabalhar na rua não foi um projeto planejado e sim uma grande necessidade de sobrevivência e também de mostrar a minha arte. Mesmo não sabendo como seria a reação das pessoas não tive medo e os enfrentei, o dinheiro foi uma consequência do que eu tinha a oferecer, foi ótimo consegui sobreviver.
Meu primeiro dia de trabalho foi dia 17 em julho do ano de 2007, era férias da escola e tinha muita gente na cidade só que estava um pouco nervoso.
Como eu não tinha dinheiro pra fazer um suporte para que eu ficasse em cima, fiquei no chão mesmo.
Os primeiros segundos ali paradinho, foram marcantes, pois estava descobrindo uma nova forma de trabalhar com honestidade e daqui a pouco pessoas chegavam e pediam pra tirar fotos, fiquei muito feliz e só sabia agradecer a Deus.
Fui bem vinda por quase 99% de todos que ali passavam, porém sempre tem alguém que faz piadinhas, comentários disnecessarios, e até palavrões.
Dinheiro...
Pelo conceito que eu tinha em relação a cultura dos brasileiros, tirava a minha própria conclusão, achando que o brasileiro jamais iria ajudar uma Drag Queen na rua, me surpreendi totalmente, os brasileiros além de humano, respeitam e são muitos generosos, principalmente a criancinhas.
Já é o terceiro ano que estou trabalhando na rua, só que para eu estar ali paguei um preço muito mais alto do que o dinheiro que ganho, perdi amigos e alguns deles se distanciaram,pois não acham legal ser artísta de rua, e sempre me alfinetavam dizendo que não é a melhor coisa minha ficar me expondo dessa maneira, e que eu iria perder toda credibilidade como profissional.
E eu me defendia... até que eu não tenha uma oportunidade eu não vou conseguir me sustentar com a minha arte, enquanto isso vou continuar a trabalhar na rua sim, não tenho vergonha não estou matando e muito menos roubando, lá eu faço o que amo, ganho dinheiro honestamente e muita visibilidade, vai que um dia passe alguém do ramo e enxergue em mim algo de interessante, com a cara amarrada frisei em alto bom tom, um dia lá na fente, vocês vão ter orgulho de mim, vocês vão ver e sai de fininho.
A tudo que já vivi, até os dias de hoje, está sendo a melhor experiência da minha vida, estou tentando viver cada segundo sem esperciça-los, passei por fases maravilhosas e outras dificilimas e nunca parava pára agradecer, por momentos de quietudes lá no calçadão começei a agradecer todos os dias por tudo que estava acontecendo comigo, sentia que era um menino iluminado, que quer apenas viver uma vida com dignidade.
Na rua tento absorver o tudo que acontece, vejo pessoas felizes e também pessoas com vazio no peito, empurrando a vida como se ela não fosse nada, e eu ali paradinho fingindo de morto, mas com um diferencial, tenho a missão de levar a eles um puquinho da minha sensibilidade e a alegria que vale apena lutar pára viver e nunca deixar de agradecer pelo pouco ou muito que tenha.
Faça o que quizer, faça onde estiver, só não deixe de Fazer, o tempo é precioso de mais, e eu lhe emploro, "não deixe de Fazer".

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